segunda-feira, 31 de março de 2008

Investigação em Educação

A investigação em educação tem vindo a modificar-se: um campo que era dominado pelas questões da medição, das definições operacionais, das variáveis, da testagem de hipóteses e da estatística, alargou-se a fim de contemplar uma metodologia de investigação que acentua a descrição, a indução, a teoria fundamentada e o estudo das percepções pessoais, e que é designada por “investigação qualitativa”.

A influência dos métodos qualitativos no estudo de várias questões educacionais é cada vez maior, manifestando muitos dos investigadores educacionais uma atitude positiva face às mudanças que se têm vindo a verificar nas estratégias de investigação, e contemplando a abordagem qualitativa tanto a nível pedagógico como a nível da condução da investigação.

A designação investigação qualitativa é utilizada como um termo genérico que agrupa diversas estratégias de investigação que partilham determinadas características, a saber:

· A fonte directa de dados é o ambiente natural, constituindo-se o investigador em instrumento principal. Os dados são recolhidos em situação e complementados pela informação que se obtém através do contacto directo;
· A investigação é descritiva. Os dados recolhidos apresentam-se sob a forma de palavras ou imagens e não de números, os resultados escrito da investigação contêm citações feitas com base nos dados, tendo em vista ilustrar e substanciar a apresentação, e incluem transcrições de entrevistas, notas de campo, fotografias, vídeos, documentos pessoais e oficiais. As narrativas não são reduzidas a dados numéricos, sendo analisadas em toda a sua riqueza, respeitando, tanto quanto possível, a forma como foram registados ou transcritos;
· Os investigadores interessam-se mais pelo processo do que pelos resultados ou produtos, preocupando-se com a história natural da actividade ou do acontecimentos que se pretendem estudar, com o modo como os significados são negociados, e como as expectativas dos professores se traduzem nas actividade, procedimentos e interacções diárias;
· Os investigadores tendem a analisar os dados de forma indutiva, não os recolhendo com o objectivo de confirmar ou infirmar hipóteses formuladas previamente, construindo, ao invés, as abstracções à medida que os dados particulares recolhidos se forem agrupando. Uma teoria desenvolvida deste modo procede de “baixo para cima”, baseando-se em peças individuais de informação recolhida que inter-relacionam. Para um investigador que planeie elaborar uma teoria fundamentada sobre o seu objecto de estudo, a direcção desta só se começa a estabelecer após a recolha de dados e o contacto directo com os sujeitos;
· O significado reveste-se de importância vital. Os investigadores que fazem uso da abordagem qualitativa estão interessados no modo como as diferentes pessoas dão sentido às suas vidas, preocupando-se com as diferentes perspectivas participantes.

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